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O IASC SOB A RELEITURA DO PÓS PANDEMIA – REGISTROS DE UMA ÉPOCA

Por Cássio Biffi – Diretor Orador.

Preciso registrar o que estamos vivendo, mas também o que de bom e valoroso se construiu.

O Instituto dos Advogados de Santa Catarina – IASC tem uma envergadura histórica impressionante, são quase nove décadas de existência (fundado em 1º de novembro de 1931).

Ao refletir minha estada nas gestões que se sucederam, penso como relacionar a dimensão histórica envolvida, a distância entre as gerações que compuseram e compõe o quadro associativo e o futuro que nos apresenta? Quais serão os novos desafios diante da tecnologia que invade nossa profissão, da evolução do ensino a distância, da mudança de cultura e da comunicação digital? O que a sociedade e a nova geração de Membros Efetivos espera do Instituto dentro dos seus fins estatutários?

Gradualmente, o projeto vem sendo desenhado.

O IASC deve manter sua trajetória pautada em feitos de relevância jurídica e social, agindo sempre segundo diretrizes éticas e estatutárias. Uma pedra fundamental.

A gestão, o relacionamento e a comunicação entre Membros, Advogados, Juristas e a Sociedade está sendo atualizada.

É sempre salutar repisar que todos os Presidentes que por aqui passaram, deixaram um sinete indelével, marcado em cera e papel, do seu caráter e da sua personalidade.

Por isso, liderar o Instituto dos Advogados de Santa Catarina, associação composta das mentes mais brilhantes e destacadas da academia e com o maior “PIB” jurídico do Estado, sempre exigirá atributos natos e o dever de agir pela prudência, pela justiça, pela força, pela temperança, mas acima de tudo pelo amor e dedicação voluntárias.

E nesta batida de sinete encerra mais uma gestão, 2017/2020, na presidência de Gilberto Lopes Teixeira. Vejo-o – e será lembrado –, como o Presidente marcado pela jovialidade, pela confiança na união dos Membros Efetivos, pela honra e vibração dos empossados, pelas competentes delegações funcionais e importância dada aos aconselhamentos refletidos, que resultaram numa trajetória institucional incansável.

Destacar em breve retrospectiva o meu exercício em outros cargos das gestões anteriores do IASC, de 2014 a 2020, é agradecer a honrosa confiança das presidências de Sidney Guido Carlin, quando funcionei como Secretário-adjunto; Ricardo José da Rosa, quando exerci a Secretária-geral e Gilberto Lopes Teixeira, como diretor Orador.

Quanto à função executiva atual, digo que encerrar a gestão com um dos mais honrosos cargos que me foi agraciado ocupar, sucedendo exímios Oradores, só me faz concluir que estive mero aprendiz de Orador, diante da grandeza do Instituto dos Advogados de Santa Catarina. É um prestígio inenarrável.

Num rompante, fui audaz ao aceitar um cargo para romper alguns paradigmas da comunicação, para criar um elo coerente entre os jovens confrades e seus ícones. Saudar os novos e referendar os mestres, talvez tenha sido a mais agradável e distinta tarefa realizada. Honrar aqueles que nos antecederam.

Mas ao viajar em releituras da trajetória histórica do IASC para uso em discursos, despontava meu lado sonhador e mais coerente com minha formação e personalidade, voltadas à função de auxiliar a diretoria executiva, que é calcada em gestão, planejamento e execução.

E, não menos poético, vislumbrava este divisor de águas para o Instituto, assim como foi a canção Aquarela para Toquinho. O IASC deveria ser a música que virou os melhores temas de publicidade, as tarefas escolares, a conquista de um lugar cativo nos karaokês.

A todo tempo, devido à compreensão adquirida das diversas etapas da história institucional e dentro das prerrogativas de Orador para “usar da palavra nas sessões solenes e especiais, e nas representações do instituto”, auxiliar a presidência na criação e no fortalecimento de valorosas relações institucionais foi outra honrosa missão que considero importante.

Já desorbitando da restrita função estatutária do cargo, a execução de alguns projetos como adequação estatutária, eventos com capilaridade internacional, como a Jornada Luso-brasileira Sobre Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos Tributários, fundação da Rede Catarinense de Compliance conjuntamente com outras nove instituições, aprovação do projeto para assegurar a Santa Catarina o Direito do Registro de Nome de Natimorto junto ao TJSC, proposição de aprovação do projeto IASC DIGITAL (em execução), são algumas contribuições que destaco, dentre várias. Nas demais, estive integralmente envolvido e sempre busquei apoiá-las, incentivando os proponentes.

Em seis longos anos pude participar do processo de oxigenação de um instituto que uniu gerações de Membros Efetivos. Fomentar maior e melhor qualificação para novos juristas, democratizar o acesso às produções do IASC e corrigir a subutilização da massa intelectual ativa disponível para difusão do conhecimento jurídico, ainda é um desafio inclusivo que exigirá investimento e colaboração para criação de uma plataforma IASC DIGITAL.

Ë uma necessidade que depende da dedicação voluntária de cada um dos componentes da diretoria, dos conselhos e do apoio incondicional de seus Membros Efetivos.

Cumprir a primeira parte de um longo projeto, elevando o número de associados de dezenas a centenas de membros, permitiu a inclusão de fervorosos debatedores, intelectuais, críticos, cultos e politizados atuantes e também ávidos espectadores do conhecimento. Urge então, democratizar o espaço e alimentar a produção científica e a cultura jurídica sem fronteiras. Esse é o ponto para avançarmos.

Principalmente, diante de um novo capítulo da história, de novas tecnologias, de pandemia, de “lockdown”, de “home office”, de teletrabalho e de mídias que explodem conteúdos dos mais variados em plataformas digitais e redes sociais.

Por meio do “IASC LIVES” e videoconferências, habilitou-se a produção de conteúdos entre jovens acadêmicos e renomados juristas, engajando um público que quer acessar eventos de curta duração, acessíveis e à distância, mais informais e com menor uso de pronunciamentos longos, mesóclises e colocações pronominais da norma culta, que não são comuns no dia a dia. A linguagem e a comunicação vivem de reciclar sentidos.

Neste recomeço foi necessário impingir ao IASC gradativa modernidade em sua gestão. Faço nesse breve escorço, uma tentativa de demonstrar tudo que foi realizado com muito esforço e planejamento. E mais, dizer que é parte de um processo gradativo e necessário para evolução do instituto. Dominar tecnologias, executar a criação de eventos virtuais, plataformas digitais e usar todas as eficientes ferramentas disponíveis aliado e boa gestão políticas institucionais voltadas ao fortalecimento do IASC, é um desafio que exige preparo e qualificação.

E, para que seja perene o Instituto e jamais percamos o elo que uniu a história em acontecimentos grafados em atas, livros de posse, obras físicas e eventos presenciais, aceitar o novo contexto histórico de notáveis Membros Efetivos que já consomem e usufruem das facilidades da comunicação no mundo digital mantivemos uma gestão alinhada, sem tanta pompa e individualidade. Pomposa deve ser a preservação da história.

As mudanças sociais positivas só foram construídas com o movimento da coletividade e da união lideranças destacáveis. O agora dependerá do avanço da individualização do sujeito social, como dizia filósofo Emile Durkheim, para aqueles que deixam suas individualidades e dedicam, por vezes, uma boa parcela do tempo ao coletivo.

Assim o IASC nasceu, cresceu e hoje se transformou. Novos desafios estão por vir.

Por fim, homenageando a todos e a todas que se dedicaram em jornadas voluntárias e extraordinárias em cargos, funções, coordenações, núcleos e participação ativa nas comissões, que colheram alegrias e amizades, riscos de cavar dores e desagrados – mas jamais inimizades -, digo-lhes que a fraternidade do IASC é mais forte e sempre prevalecerá. E, confiar no apoio leal de quem lhe credencia, emite sinais para continuarmos dia após dia e por novos tempos.

Domenico de Masi, sociólogo italiano, acredita estarmos vivendo um momento terrível, eis que mesmo assolados por uma pandemia do COVID-19 que ceifou centenas de milhares de vidas em 2020, ainda aceitamos lideranças, instituições e grandes players da economia, concentrados na manutenção do poder político e econômico, sem buscar a idealização de um modelo de vida mais seguro, justo e dignamente melhor a todos. Complemento, refletindo também que nenhuma instituição, ente ou nação, crescerá ou será reconhecida, apenas erguendo templos à virtude para alguns doutores do idealismo ou da refutação do idealismo da filosofia crítica Kantiana. A evolução só acontece com sábios e discretos executores.

Ainda acreditamos poder transmitir reconhecimento aos melhores líderes para transformar os novos tempos.

Assim sempre seguiremos conectados pela grande fraternidade que o IASC representa.

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