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A VIDA É UMA VIAGEM QUE VALE A PENA.

Por Comendador Ricardo José da Rosa – Presidente do Conselho Deliberativo do IASC.

Apesar de o título sugerir um tema alegre e enriquecedor, é com muita amargura que escrevo este artigo, porque seu enfoque não é propriamente a vida, mas a abdicação dela. De fato, a vida é uma viagem, e vale a pena. Ocorre, contudo, que muitas pessoas, em determinados momentos de suas vidas, passam a ver apenas paisagens desoladoras e, por motivos diversos, desistem de continuar a viver. Minha intenção é formular um pedido de socorro, em nome de todos aqueles que estão desistindo e, por vontade própria, dão fim à suas existências. Os números que envolvem o suicídio são absurdamente alarmantes! Estamos diante de uma endemia, suscitando a situação providências urgentes. Antes de apresentarmos alguns dados é importante ressaltar que se referem somente aos suicídios efetivados, ficando à margem de consideração as tentativas. Ainda há de se considerar que muitos casos são classificados erroneamente como acidentes, o que faz com que as estatísticas oficiais  sejam arrefecidas. No mundo ocorre um suicídio a cada quarenta segundos, segundos dados fornecidos pela OMS. No Brasil, são trinta e dois por dia, ou seja, alarmantes onze mil, seiscentas e oitenta mortes por suicídio todos os anos. Ainda segundo cálculo da OMS, no ano de 2016 aproximadamente 35 milhões de anos de vida foram perdidos, no mundo, levando-se em consideração a idade da vítima e a expectativa de vida. O suicídio é apontado como a segunda causa de óbitos entre jovens de quinze a vinte e nove anos. O suicídio e a automutilação são preocupantes entre crianças e jovens e, muitas vezes, são estimulados por jogos que veiculam na internet. Também entre os idosos vem crescendo o número dos que desistem de viver. Ocorrem mais óbitos em decorrência de suicídios do que em razão de acidentes de trânsito ou guerras. O assunto, no entanto, é pouco comentado, inserido na categoria de tabus, o que dificulta a conscientização e o combate. Como causas principais as pesquisas indicam transtornos mentais e psiquiátricos, como depressão, transtorno bipolar, uso abusivo de álcool e outras drogas, bullying,  violência sexual e doméstica. De acordo c om a psicóloga Denise Machado Duran Gutierres, professora da Universidade Federal de Amazonas e autora de vários artigos científicos: “Na terceira idade, especialmente quando há doença degenerativa, com perda de capacidade funcional e dor crônica, e quando há perda de laços referenciais e de uma série de suportes” (Revista Ciência & Saúde Coletiva). Acrescentem-se, ainda,  o abandono por parentes e, comum às demais fases da vida, a depressão. É da maior importância destacar que grande parte dos suicídios poderia ser evitada se a solução fosse providenciada a tempo. A falta de conscientização e o silêncio sobre o tema podem ser apontados como causa para a omissão na busca de soluções. Tal quadro, felizmente, vem sendo alterado com campanhas desenvolvidas permanentemente ou limitadas (infelizmente) ao mês de setembro. Elogios merece o CVV – Centro de Valorização da Vida que, através de voluntários, oferece apoio emocional e de prevenção ao suicídio, permanentemente através do telefone 188. O voluntário do CVV doa seu tempo e sua atenção para quem deseja conversar com outra pessoa de forma anônima, sigilosa e sem julgamento ou críticas (site cvv.org.br). Outras iniciativas vem sendo desenvolvidas no trabalho de conscientização e prevenção: destaques na cor amarela iluminando prédios públicos, monumentos históricos, pontos turísticos, sempre no mês de setembro, destinado à prevenção do suicídio, como antes mencionado. Além disso, são realizados passeios de bicicletas e motocicletas, caminhadas e manifestações públicas, visando a chamar a atenção ao tema. Algo mais pode ser feito, o chamado para uma viagem que vale a pena ser feita até seu final. Publicações poderão ser impressas e distribuídas em escolas e diversos outros pontos, com a simples mensagem: A VIDA É UMA VIAGEM QUE VALE A PENA, seguida das pequenas histórias de personagens, com as quais o leitor possa se identificar. Nessas , podem ser contada histórias  de quem esteve em situações consideradas desesperadoras mas conseguiu superá-las e se encontra muito bem. Apenas um exemplo: conversando com um motorista de aplicativo lhe perguntei, ao saber que era originário de uma cidade distante, como havia vindo para Florianópolis. Começou a rir e me contou sua história a partir do término de um namoro, quando achou que a vida havia acabado. Não queria mais sair, sem interesse em mais nada. Um amigo o procurou e insistiu até convencê-lo a passar um final de semana em Floripa. Aqui chegando extasiou-se coma beleza de uma praia, conheceu as pessoas de um grupo que ali estavam, dentre as quais algumas garotas. Ainda no domingo telefonou para a família dizendo que não iria voltar. Conseguiu um trabalho arriscado e pouco valorizado mas foi em frente. Casou-se, anos mais tarde, com uma das garotas do grupo que conheceu quando aqui chegou e hoje o casal tem duas filhas. Esse é apenas um caso, entre tantos outros que podem provocar uma identificação e acender uma chama de esperança. O importante é difundir a ideia  de que os problemas, por mais difíceis que sejam, podem ser resolvidos ou minimizados e que, sim, há pessoas dispostas a ajudar e, também de que a vida é uma viagem  com muitas paragens e possibilidades e que essa viagem vale muito a pena.

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