Sim, somos livres!
Por Tammy Fortunato – Membro efetivo do IASC.
Ainda não chegamos na metade do mês de maio, e já contamos vinte e quatro mulheres assassinadas por seus (ex) companheiros, somente no Estado de Santa Catarina. Crimes cometidos sob a pseudo égide do amor! Ah, o amor! Palavra de significado tão forte, tão bonita, de sentimento de carinho e afeição, sendo erroneamente utilizada para tentar justificar um ato de ódio, sim, porque no momento do crime era o ódio que ali estava imperando e não o amor.
O amor é um sentimento nobre, incapaz de matar. Quem ama quer tão somente o bem da outra pessoa. O que mata é o ódio, a raiva, o ciúme, a impotência de aceitar a liberdade da mulher. Homens não são donos ou possuidores de mulher alguma, elas são livres e se resolveram ir embora e/ou terminar um relacionamento é porque para elas, já não era bom, já não havia a felicidade entre o casal e a decisão deve ser respeitada.
Sim, dói ver partir alguém que amamos ou que achamos amar, saber que esse alguém não fará mais parte do nosso cotidiano e vida em comum, mas a mulher é livre para ir, ficar e tomar decisões. Respeito é a palavra do momento. Homens, respeitem a decisão das mulheres em manter ou não um relacionamento. Aceitem a liberdade de cada uma.
Percebam homens, que se a mulher resolveu partir e terminar um relacionamento é porque pra elas já não estava bom, não valia a pena continuar com um alguém, que nada acrescentava.
As mulheres precisam ser respeitadas como pessoas, não são objetos e muito menos propriedade de alguém. Mulheres estão sendo vítimas do ódio, um sentimento esdrúxulo que deve ser banido da nossa sociedade.
Mulheres estão sendo mortas por não aceitarem um relacionamento abusivo. São perseguidas por seus ex companheiros na tentativa de uma reconciliação. Será que estes homens acham mesmo que existe a possibilidade de reatar ou manter um relacionamento falido, acabado, em que as mulheres sofrem/sofreram vários tipos de violência?
Será que é perseguindo, ameaçando, violentando a liberdade dessa mulher que ela vai um dia voltar a amá-lo? Certamente que não.
Homens, aceitem e respeitem a decisão das mulheres. Percebam no que vocês falharam em um relacionamento para não repetir em um próximo. Parem de usar o amor como justificativa para o cometimento do feminicídio. Quem ama não mata!
[i] Tammy Fortunato, advogada e presidente da Comissão de Combate à Violência Doméstica do IASC.