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Campanha de Conscientização e Prevenção do Suicídio – Setembro Amarelo

Por: Albert B. Cáceres, Cássia C. Castro, Cristiane B. Pereira, Efigênia C. Silva, Fabiana L.C. Alvaranga, Victória T. G. Gonçalves e Gabriela M. da Silva (Orientadora).

 

No mundo todo, aproximadamente uma pessoa se mata a cada 40 segundos, mais de 1 milhão em todo o mundo. Só no Brasil, o suicídio é a quarta causa mais comum de morte entre os jovens.

São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil. Trata- se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.

Segundo um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, 3,8 mil pessoas tiraram a própria vida entre os anos de 2010 a 2016. Os dados na faixa etária dos idosos houve um aumento preocupante, entre os idosos de idade entre 60 e 69 anos, o número de suicídios teve aumento de 70% no período de seis anos (de 41 para 70), enquanto a faixa etária anterior a essa, de 50 a 59 anos, registrou aumento de 51% (de 96 para 145) de casos de suicídio, no mesmo período.

Com o objetivo de prevenir e reduzir estes números a Campanha de Conscientização e Prevenção ao Suicídio – Setembro Amarelo, nasceu como uma forma de enfrentamento direto sobre o assunto, que ainda é considerado um dos maiores tabus da sociedade, e este é o grande desafio, falar sobre um assunto que muitos não querem falar, o suicídio.

Dia Mundial de Conscientização e Prevenção do Suicídio

O dia 10 de Setembro foi data escolhida em 2003 pela IASP – Associação Internacional para Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde como o dia Internacional de Conscientização e Prevenção do Suicídio, com o objetivo de prevenir o ato do suicídio, através da adoção de estratégias pelos governos dos países. Neste dia, realizam-se atividades em 70 países do mundo, no intuito de salvar vidas.

Mundialmente, o IASP – Associação Internacional para Prevenção do Suicídio estimula a divulgação da causa, vinculado ao dia 10 do mesmo mês no qual se comemora o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio

Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. Mas a campanha acontece durante todo o ano.

Em 2015 o CVV (Centro de Valorização da Vida) passou a integrar essas atividades, período este em que o Setembro Amarelo realizou as suas primeiras atividades de destaque, todas concentradas em Brasília.

O CVV (Centro de Valorização da Vida) é uma das principais mobilizadoras  do  Setembro  Amarelo,  entidade  sem  fins  lucrativos   que atua gratuitamente na prevenção do suicídio  desde 1962, membro fundador  do Befrienders Worldwide e ativo junto ao IASP (Associação Internacional para Prevenção do Suicídio), da ABEPS (Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio) e de outros órgãos internacionais que atuam pela causa.

Como resultado de muito esforço, em 2016, conquistou espaços inéditos na imprensa e visibilidade ao iluminar monumentos históricos, pontos turísticos, espaços públicos e privados no Brasil inteiro.

Alguns destaques do Setembro Amarelo nesses anos foram a iluminação de monumentos como Cristo Redentor no Rio de Janeiro/RJ (foi a primeira vez que o monumento foi usado com este objetivo), o Congresso Nacional e a ponte Juscelino Kubitschek em Brasília/DF, o estádio Beira Rio em Porto Alegre/RS, a Catedral e o Paço Municipal de Fortaleza/CE, Ponte Anita Garibaldi em Laguna/SC, e o Palácio Campo das Princesas em Recife/PE.

Também foram feitas ações de rua, como caminhadas, passeios ciclísticos, passeios de motos e abordagens em locais públicos em várias cidade do Brasil.

Setembro Amarelo

Setembro amarelo é uma campanha vinculada ao Centro de Valorização da Vida, que busca trazer o diálogo sobre o suicídio para a sociedade. Desde 2015 o CVV busca neste mês falar sobre a conscientização e a prevenção do suicídio.

Cada vez mais nos aprofundamos na mente humana, o conhecimento médico e psicológico são as ferramentas que contribuem para a prevenção do suicídio, e estima-se que maioria dos suicídios poderiam ser evitado com ajuda psicológica e psiquiátrica.

A maioria dos suicídios são causados por doenças mentais/ psicológicas não tratadas, porque muitas pessoas não sabem que precisam de tratamento, especula-se que aproximadamente 60% das pessoas que morrem por suicídio não buscaram tratamento. Isso porque nós, como sociedade, não falamos do assunto, não informamos as pessoas. Cerca de 17% dos brasileiros já pensou seriamente em suicídio. 4,8% deles já elaboraram um plano para isso.

Para a presidente da ACP, Associação Catarinense de Psiquiatria, a médica psiquiatra Lílian Lucas, este é um grande problema de saúde pública. “Precisamos urgentemente diminuir estes números. O suicídio é um fenômeno complexo que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, etc. A prevenção é uma responsabilidade que deve ser compartilhada entre todos os setores da sociedade”, destaca a psiquiatra.

Falar sobre suicídio é importante, é uma questão de saúde pública e é extremamente necessário.

Setembro Amarelo em Santa Catarina

Em Santa Catarina A Campanha de Conscientização e Prevenção do suicídio – Setembro Amarelo, se tornou lei, em 01 de agosto de 2018.

O Projeto de Lei 0062.4/2018 institui a Campanha Setembro Amarelo e o Dia Estadual de Prevenção ao Suicídio. A origem foi à Lei 17.558/2018, sancionada em 24 de julho de 2018, que oficializa a Campanha Setembro Amarelo em todo o estado. Foi instituído o Dia Estadual de Prevenção ao Suicídio, o dia 10 de setembro. Segundo dados do Ministério da Saúde, o estado de Santa Catarina foi o segundo estado com maiores taxas de óbito entre 2011 e 2015 por suicídio.

A lei dá maior visibilidade ao tema e promove a responsabilidade dos órgãos públicos e privados em trabalhar juntos na campanha de valorização da vida e de prevenção ao suicídio. A campanha agora, é oficialmente um direito e um dever de todos nós.

O Estado tem papel fundamental na conscientização da população, permitindo a identificação precoce de indivíduos em risco, assim como o reconhecimento de possíveis sintomas de doenças mentais, acompanhando e

oferecendo, para tanto, assistência interdisciplinar, a fim de possibilitar a recuperação daqueles que necessitam.

Porém é imprescindível a participação da sociedade, não apenas como difusora da prevenção do suicídio, mas como fiscais das ações dos nossos representantes políticos para se fazer cumprir as iniciativas que foram aprovadas.

A Associação Catarinense de Psiquiatria, junto com a Associação Brasileira de Psiquiatria, tem assumido esta responsabilidade de esclarecer a população sobre o tema, diminuir o estigma que cerca o adoecimento mental e deixar claro que a saúde mental deve ser encarada como parte da saúde geral.

O POR QUÊ DA COR AMARELA

A cor amarela é usada para representar o mês da prevenção do suicídio por causa de Dale Emme e Darlene Emme. O casal foi o início do programa de prevenção de suicídio “fita amarela”, ou “Yellow Ribbon” em inglês.

Em 1994, Mike Emme, filho do casal, com apenas 17, se matou. Mike era conhecido por sua personalidade caridosa e por sua habilidade mecânica. Restaurou um Mustang 68 e o pintou de amarelo. Mike amava aquele carro e por causa dele começou a ser conhecido como “Mustang Mike”.

Entretanto, infelizmente, aqueles próximos de Mike não viram os sinais. No dia do funeral dele, uma cesta de cartões com fitas amarelas presas a eles estava disponível para quem quisesse pegá-los. Os 500 cartões e fitas foram feitos pelos amigos de Mike e possuíam uma mensagem: Se você precisar, peça ajuda.

Os cartões se espalharam pelos Estados Unidos. Em poucas semanas começaram a aparecer ligações. Um professor de outro estado havia recebido um dos cartões de uma aluna, pedindo por ajuda. Diversas cartas chegavam de adolescentes buscando ajuda.

A fita amarela foi escolhida como símbolo do programa que incentiva aqueles que têm pensamentos suicidas a buscar ajuda.

Em 2003 a OMS instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, e o amarelo do mustang de Mike é a cor escolhida para representar este sentimento.

A IMPORTÂNCIA DE FALAR SOBRE SUICÍDIO

É comum que os pais evitem falar sobre suicídio com os filhos, na tentativa de minimizar a importância percebida pelo adolescente de um determinado problema que observam, ou mesmo por que os filhos não dão abertura suficiente para que o assunto seja discutido.

Para se ter uma ideia do quão importante é falar sobre o tema, dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que o suicídio já é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

Normalmente as pessoas não se suicidam sem aviso. Elas comunicam sua intenção antes do ato, às vezes em tom de brincadeira, às vezes falando sério, mas raramente sem aviso. Portanto é importante perceber que ameaças de suicídio podem ser sérias.

Pessoas com pensamentos suicidas procuram sim por ajuda. Acabar com a própria vida é uma medida desesperada, quando a pessoa acredita estar sem opção para acabar com seu sofrimento.

As chances de alguém tentar suicídio depois de uma tentativa frustrada são maiores do que antes. A recuperação de uma tentativa de suicídio é um momento em que se deve prestar atenção no paciente.

Quem planeja um suicídio não quer acabar com a própria vida, mas sim com a dor e o sofrimento que faz com que estes pensamentos surjam. Ninguém deseja acabar com a vida simplesmente porque não quer mais ela.

Falar de suicídio é o ideal. Conversar com alguém que tem pensamentos suicidas sobre o ato não irá fazer com que a pessoa se mate, mas abrir espaço para diálogo e informações que podem fazer toda a diferença e salvar uma vida, é preciso ficar atento a outros sinais que nos são dados, que podem indicar a depressão e a vontade de se suicidar, e que devem ser acompanhados e levados a sério, como a tristeza persistente, perda de interesse em atividades que antes davam prazer, fadiga, falta de energia, alteração no sono, irritabilidade, alterações no apetite, choro sem razão aparente, ideias de morte, dores e sentimento de inutilidade.

Fatores de risco

Existem certos fatores de risco que aumentam as chances de alguém apresentar pensamentos e tentativas suicidas. São eles:

Tentativas anteriores, abuso de substâncias, ter entre 15 e 35 anos ou mais de 75 anos, histórico de suicídio familiar, falta de vínculos sociais e familiares, doenças terminais ou incapacitantes, declínio social, estresse prolongado.

Estudos apontam que outros fatores de risco, podem ser relacionados problemas monetários ou com muito dinheiro, tem maiores chances de cometer o suicídio.

No caso daqueles que possuem sérios problemas financeiros, o problema é óbvio, a falta de dinheiro causa estresse. Para aqueles que possuem muito dinheiro, a sensação de que existe muito a perder também pode ser um fator de estresse.

Naturalmente, transtornos mentais como depressão e esquizofrenia são fatores de risco para o suicídio. O transtorno mental que mais apresenta suicídios é o transtorno de personalidade bipolar

DIRETRIZES

Em 2017, a ABP e o CFM criaram as Diretrizes para Participação e Divulgação do Setembro Amarelo. O documento serve para orientar toda a sociedade sobre a participação na Campanha, como utilizar corretamente os materiais de utilidade pública produzidos e de que maneira incentivar o Setembro Amarelo em cada região.

Realizando parcerias institucionais e públicas, organizando as informações sobre as ações em todo o país e convocando a sociedade ao debate por meio da participação em eventos e pela imprensa.

Durante o mês de setembro as redes sociais da associação, assim como todos os seus meios de comunicação, transmitem informações sobre a campanha, assim como entrevistas.

Avaliam e fiscalizam o uso da logo das duas instituições na campanha., criando e oferecendo material para compartilhamento, toda parceria que solicite a utilização do logo da ABP ou do CFM deve passar pela aprovação da ABP e seguir as regras de utilização de logo determinadas pelas duas instituições.

Qualquer cidadão pode participar da Campanha Setembro Amarelo, inclusive na organização de eventos com foco na prevenção e orientação em relação às doenças mentais para a população. Nesse caso, deve seguir apenas a orientação de utilização dos logos.

O Setembro Amarelo é uma campanha para a sociedade e por isso conta com a participação de todos. As empresas são sempre bem-vindas.

CONCLUSÃO

 De todos os significados da cor amarela, nenhum está relacionado ao amor como o da campanha, aliás em muitos casos é associado a riqueza e aquisição de bens materiais, que ironicamente está também associado a alguns dos motivos que uma pessoa pode pensar em suicídio, por não ter o que gostaria ou por não saber o que fazer com aquilo que possuí.

O poder transformador do amor pode mudar o significado de todas as coisas, pode fazer um pedaço de fita com uma mensagem em um velório se tornar um símbolo de amor, movimentar pessoas, um país, o mundo todo, para dizer simplesmente “eu estou aqui e posso te ouvir”.

O mês de Setembro é o mês escolhido para reforçar um compromisso de Afeto de todos os dia, de todos os meses, do cuidado com o outro, da empatia e da abnegação que temos não somente com quem amamos, mas como aqueles que um dia podemos vir a amar.

O setembro Amarelo, é da CVV, ABP, CFM e outras instituições, mas antes deles, é meu, é seu, é de todos nós!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E TEÓRICA

http://www.imagemdailha.com.br/blog/setembro-amarelo-agora-e-lei- em-santa-catarina.html

https://ndmais.com.br/reportagem-especial/setembro-amarelo-e-a- prevencao-do-suicidio-e-possivel-recomecar/

https://www.setembroamarelo.com/

https://minutosaudavel.com.br/setembro-amarelo/#risco https://docs.wixstatic.com/ugd/26b667_ae703cea86034ef29f11adfe528f

53f4.pdf

https://escoladainteligencia.com.br/setembro-amarelo-por-que-e-tao- relevante-falar-sobre-a-prevencao-do-suicidio/#.XU37S4z5yX8.whatsapp

Lílian Lucas, Médica Psiquiátrica – ACP, Associação Catarinense de Psiquiatria.

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