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Discurso do Comendador do IASC – Claudio Gastão da Rosa Filho, em 11-6-2025.

Por Cláudio Gastão da Rosa Filho – Comendador do IASC.

Boa noite a todos!

 

Um homem pode se orgulhar de sua trajetória, porque a Vida nos oferece tantos caminhos que a capacidade de escolher nossa trilha existencial há de ter algum mérito.

Mas, para além do orgulho das escolhas, devemos priorizar a gratidão pela oportunidade dos caminhos que se apresentam.

Não se trata, aqui, do orgulho, da vaidade ou da arrogância, mas do sentimento que preenche nosso coração como uma festa, a comemoração de uma etapa vencida com honra e integridade.

A partir desta noite, carregarei no peito a Medalha MANOEL DA SILVA MAFRA.

Desterrense que nasceu em 1831, bacharelou-se em Direito em São Paulo em 1855, portanto, há 170 anos, e cuja vida e carreira são, até hoje, inspiração e modelo para um múnus público elogiável.

Homem público de trajetória marcante, foi deputado estadual, deputado geral do Império, presidente da Província do Espírito Santo e Ministro da Justiça.

Sua relevância histórica também é celebrada no campo das letras, sendo ele o patrono da cadeira nº 33 da Academia Catarinense de Letras.

A homenagem que recebo se reveste, portanto, de responsabilidade histórica e exemplo de cidadania, e é deste modo que me proponho, com o testemunho desta seleta plateia, a honrá-la.

A Diretoria do IASC, à unanimidade, entendeu que sou merecedor da maior honraria que o Instituto concede.

Minha trajetória se ilumina ainda mais porque não caminho só.

Ao meu lado, de forma constante e serena, está minha esposa Cristiane — mulher de fé e ternura, que sustenta com graça o cotidiano e com sabedoria compartilha as alegrias e os pesos da missão que carrego.

É nela que repouso o coração ao fim dos dias longos, e é por ela que me levanto, ainda na madrugada, em busca de ser melhor do que fui.

Aos meus filhos — Juma, Maria Vitória, Maria Júlia e Claudinho — destino as linhas mais doces desta vida que escrevo com esforço e devoção.

Vocês são o poema vivo que Deus me concedeu, a promessa de que o amor pode ser multiplicado em gestos, sorrisos e lições.

São meu norte em dias turvos, minha paz em meio às batalhas, e minha herança mais sagrada.
A um homem, volto ao começo da minha fala, é permitido orgulhar-se de seu caminho e do lugar que conquistou entre seus pares.

Melhor do que o sentimento de orgulho, é o reconhecimento de que todo o caminhar é resultado das escolhas que fazemos sobre quem iremos seguir, ou ao lado de quem iremos traçar nossa marcha na vida.

“Um amigo sensato é um bem precioso”, afirmava o poeta grego Homero.

Posso dizer, sem sombra de dúvida, que os tenho, e quero destacá-los.

Agradeço ao Professor Ives Gandra, dileto amigo, com quem me encontro toda vez que estou em São Paulo, na missa matinal na Igreja Nossa Senhora do Brasil, ou em almoços, para falar sobre poesia, direito e ensinamentos bíblicos.

Agradeço a André Ghisi, que me apresentou ao Padre Flavio Sampaio, da Opus Dei, meu conselheiro espiritual.

Agradeço a Gilberto Callado de Oliveira, Procurador de Justiça, amigo de fé e jornada, cuja integridade ecoa como farol nas noites densas. Homem reto, de palavra firme e coração generoso, tem sido um esteio moral em minha vida, inspirando-me com seu exemplo e sua sabedoria.

Foi ele quem acendeu em mim a chama do doutoramento na Espanha, não apenas com conselhos, mas com o entusiasmo de quem enxerga além do horizonte imediato.

A ele, meu sincero reconhecimento, pois em sua amizade encontrei norte e incentivo

Agradeço a Ricardo José da Rosa, meu querido tio, compadre, amigo de todas as jornadas e conselheiro incansável.

Sua presença firme e afetuosa sempre foi alicerce em minha vida.

Agradeço a Gilberto Lopes Teixeira, cuja trajetória à frente do IASC é marcada por incansável dedicação, zelo institucional e uma lealdade rara aos princípios que sustentam nossa classe.

Estimulador generoso da produção acadêmica e científica, na sua pessoa, reverencio a Diretoria do IASC, agradecendo, com honra e humildade, a outorga desta Comenda que agora carrego no peito e no espírito.

Permitam-me, neste momento, abrir um parêntese do coração para expressar meu profundo apreço por homens que, com dignidade e entrega, honram a vida pública e o serviço à Justiça.

Refiro-me ao querido vereador Dinho, exemplo vivo de compromisso com o bem comum, cuja atuação sensível e incansável tem feito a diferença na vida de tantos.

Estendo, igualmente, minha sincera admiração aos ilustres magistrados Elleston Canalli e André Da Coll, cujas condutas honram a toga e enobrecem o Judiciário catarinense.

Em tempos de incerteza e desalento, nossa sociedade carece – e merece – homens da têmpera moral de Vossas Excelência: faróis de integridade e esperança.

A estas pessoas, e a muitas outras – que manterei anônimas – devo boa parte da minha carreira vitoriosa.

Outra parcela vem – e falo com justa alegria – vem, repito, da minha rotina e da minha vontade, realizando as tarefas que me conduzem aos objetivos elevados que tracei para seguir, construindo uma vida que é plena e feliz, na advocacia, no seio da família e na espiritualidade.

Para mim o amanhecer se dá antes do nascer do sol: já às 3h30 da manhã estou eu acordado para estudos e meditação, uma disciplina que cumpro diariamente, e da qual colho bons resultados.

Entendo que cada ser humano encontra sua própria receita para o bem viver, mas tenho observado que o esforço permanente e a direção firme nos aproximam dos objetivos, e não se deve deixar o sucesso ou o insucesso por conta do que se costumou chamar “o destino”.

As boas leituras conduzem o ser humano ao autoconhecimento, e o homem que se conhece pode eleger as estratégias que irão potencializar seus talentos; a partir daí, deve adotá-las, tomando para si a responsabilidade de fazer a diferença no mundo, sendo útil para seus semelhantes, “atuando assim como um fermento de valores humanos e cristãos em cada ambiente onde estiver inserido.”[1], como bem dizia São Josemaria Escrivá, cujas lições eu sigo em meu quotidiano.

Para ele, “O silêncio é como que o porteiro da vida interior.”[2], e as primeiras horas do meu dia propiciam este silêncio sagrado e luminoso.

Desde a Grécia Antiga as qualidades que integram o Direito moldaram nossa História: buscamos a Justiça por meio da palavra, da participação, do comprometimento com as justas causas, do diálogo e da codificação em defesa das boas práticas.

Portanto a nós, profissionais do Direito, é dada a oportunidade de mudar o mundo através da construção do pensamento, da conciliação entre opostos, do apaziguamento das tensões, do argumento que promova o entendimento entre os povos.

De nosso trabalho depende o que está em Mateus, capítulo 5, versículo 6: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.”

Enquanto não forem alcançados pela justiça divina, que sejam beneficiados pela justiça humana.

É nosso dever, portanto, e um dever irrenunciável, manter os olhos no horizonte da paz, estudar profundamente os preceitos que levem à entrega do justo tratamento sobretudo aos que mais precisam.

É nossa tarefa a vigilância permanente para que as desavenças não resultem em um mundo marcado pela desesperança.

É nossa missão usar todo o conhecimento jusfilosófico até hoje acumulado para sedimentar os pilares estruturantes de uma vida digna, no presente e no futuro.

Esta noite, esta plateia, esta solenidade, a homenagem que recebo, os amigos que testemunham este ato, a presença amorosa da minha família, tudo se alinha harmoniosamente, e compõe um momento tão precioso que jamais esquecerei.

Ao final de tudo, terei aprendido com as virtudes dos que abrilhantam a cerimônia, estarei acrescentado da honraria que recebo, aumentará minha responsabilidade como advogado e como cidadão.

Estou emocionado, marcado indelevelmente pela alegria de ser distinguido neste evento revestido de dignidade, respeito, grandeza.

Sentimentos fraternos que elevam meu espírito e me fazem eternamente devedor a vocês.

Uma vez mais, a gratidão se agiganta no peito, e assim me dirijo a todos os que contribuíram para que esta solenidade se concretizasse com a única expressão que me ocorre: Muito obrigado!

[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Josemar%C3%ADa_Escriv%C3%A1_de_Balaguer

[2] https://escriva.org/pt-br/camino/281/

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