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A DESCONEXÃO DO TRABALHO E A RELAÇÃO COM A ALTA PERFORMANCE.

Por Fabricio Martins* e Thays Silva Gonçalves Martins** – Membro efetivo do IASC.

Introdução

No cenário atual, marcado pela rápida transformação digital e pela popularização do trabalho remoto, a linha entre vida pessoal e profissional tornou-se cada vez mais tênue. Esse fenômeno, conhecido como ultraconexão, é exacerbado pelo uso intensivo de smartphones e outras tecnologias digitais, criando uma cultura de disponibilidade quase permanente. A pandemia da COVID-19 acelerou ainda mais essa realidade, ao quebrar as barreiras físicas entre o espaço de trabalho e o de lazer, levando profissionais a estarem conectados a qualquer hora e em qualquer lugar (MARTINS; MARTINS, 2024).

Embora a ultraconexão possa parecer benéfica para a produtividade a curto prazo, seus efeitos adversos a longo prazo são profundos. A disponibilidade constante e a falta de desconexão adequada podem resultar em esgotamento profissional (burnout), declínio da saúde mental e física, e uma diminuição na produtividade. A constante necessidade de estar “online” fragmenta a atenção dos profissionais, prejudicando significativamente o foco e a qualidade do trabalho (MARTINS; MARTINS, 2024).

Pesquisadores como Charles Duhigg e Cal Newport destacam que a interrupção contínua impede a formação de hábitos produtivos e dificulta a manutenção do foco, fatores essenciais para a alta performance. No livro The Power of Habit, Duhigg argumenta que a criação de rotinas e períodos de trabalho sem distrações são fundamentais para o sucesso no ambiente profissional (DUHIGG, 2012). Newport, em Deep Work: Rules for Focused Success in a Distracted World, reforça que o trabalho profundo, sem interrupções, é cada vez mais raro e valioso na economia atual, e sua prática constante é essencial para realizar tarefas de alta complexidade e qualidade (NEWPORT, 2016).

Diante desses desafios, a importância do direito à desconexão ganha relevância. Implementar políticas de desconexão no ambiente de trabalho não é apenas uma medida de bem-estar, mas uma estratégia eficaz para garantir alta performance e produtividade sustentável. Pesquisas recentes indicam que a desconexão permite aos profissionais recuperarem a energia física e mental, elementos cruciais para manter níveis elevados de foco, criatividade e desempenho (MARTINS; MARTINS, 2024). Como apontado por Fabrício e Thays Martins, a implementação dessas políticas no Brasil tem sido essencial para promover um ambiente de trabalho mais saudável, onde os profissionais podem se recuperar de maneira adequada e contribuir com maior eficiência e equilíbrio (MARTINS; MARTINS, 2024).

Objetivo do Artigo

O objetivo deste artigo é demonstrar que a implementação de políticas de desconexão no ambiente de trabalho não apenas protege o bem-estar dos profissionais, mas também é uma estratégia eficaz para alcançar e sustentar a alta performance e a produtividade. A desconexão adequada permite que os trabalhadores recuperem suas energias física e mental, fatores essenciais para manter níveis elevados de foco, criatividade e eficiência no longo prazo.

Estudos recentes de Thays Martins indicam que, no contexto brasileiro, o direito à desconexão não é apenas uma questão de saúde mental, mas uma ferramenta estratégica de gestão. Quando implementadas corretamente, as políticas de desconexão proporcionam um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, permitindo aos profissionais retornarem ao trabalho com energia renovada e maior capacidade de inovação (MARTINS, 2024).

Este artigo pretende, portanto, demonstrar que as empresas que adotam essas práticas não apenas promovem o bem-estar de seus funcionários, mas também colhem benefícios diretos em termos de produtividade organizacional e eficiência operacional.

Impactos da Ultraconexão

Impactos na Saúde Mental e Produtividade

A ultraconexão no ambiente de trabalho, caracterizada pela disponibilidade constante e o uso excessivo de tecnologias digitais, pode parecer vantajosa a curto prazo, aumentando a eficiência e produtividade momentânea. No entanto, seus impactos a longo prazo são prejudiciais e profundos. A falta de desconexão do trabalho adequada gera um estado contínuo de alerta e estresse, dificultando a recuperação física e mental necessária para sustentar o bom desempenho dos profissionais (MARTINS; MARTINS, 2024).

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o Brasil lidera os índices globais de ansiedade, com 9,3% da população sofrendo dessa condição. Além disso, uma em cada quatro pessoas no país será afetada por algum transtorno mental ao longo da vida (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 2023). O burnout, amplamente relacionado à ultraconexão, caracteriza-se pela exaustão emocional, física e mental resultante de estresse crônico no trabalho, e tem sido associado a altos níveis de ansiedade e depressão. O burnout não apenas afeta a saúde dos trabalhadores, mas também resulta na diminuição da produtividade e na deterioração da qualidade de vida (MARTINS; MARTINS, 2024; ALLEN, 2001).

A ultraconexão também provoca uma fragmentação da atenção, o que prejudica significativamente a capacidade dos profissionais de concentrar-se em tarefas importantes. Charles Duhigg, em The Power of Habit, argumenta que interrupções frequentes impedem a formação de hábitos produtivos e reduzem a manutenção do foco, ambos fatores essenciais para a alta performance (DUHIGG, 2012). Cal Newport, em Deep Work: Rules for Focused Success in a Distracted World, reforça a importância de períodos ininterruptos de trabalho profundo para que os profissionais alcancem alto desempenho. Ele destaca que a capacidade de focar sem distrações é cada vez mais rara e valiosa na economia atual, mas crucial para a realização de trabalhos complexos e de alta qualidade (NEWPORT, 2016).

Portanto, é evidente que a ultraconexão gera impactos significativos na saúde mental e na produtividade dos trabalhadores. A implementação de políticas de desconexão no ambiente de trabalho se torna essencial para mitigar esses efeitos, proporcionando aos profissionais o tempo necessário para recuperação, promovendo um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional e incentivando uma cultura de trabalho sustentável e eficiente (MARTINS; MARTINS, 2024).

Efeitos na Vida Pessoal

Os impactos negativos da ultraconexão se estendem além do ambiente de trabalho, afetando significativamente a vida pessoal dos profissionais. A necessidade constante de estar conectado interfere diretamente nos momentos de lazer, descanso e convivência familiar, criando um ambiente de insatisfação e estresse contínuo. A qualidade do tempo de lazer é reduzida, e os profissionais se veem incapazes de participar plenamente das atividades recreativas e momentos com amigos e familiares, o que pode levar a sentimentos de frustração e alienação.

O tempo de lazer e desconexão adequado é essencial para a recuperação completa do indivíduo, permitindo que o corpo e a mente se restabeleçam das demandas do trabalho. Sem essa recuperação, a capacidade de equilibrar as esferas profissional e pessoal se deteriora, o que agrava os níveis de estresse e prejudica a saúde mental. Fabrício e Thays Martins argumentam que a implementação de políticas de desconexão que protejam o tempo de descanso dos profissionais é crucial para garantir sua saúde mental e qualidade de vida, além de melhorar sua produtividade a longo prazo (MARTINS; MARTINS, 2024).

A desconexão, portanto, é mais do que uma prática de bem-estar; ela é uma estratégia essencial para melhorar tanto a vida pessoal quanto a performance no trabalho, garantindo um equilíbrio saudável e sustentável entre essas duas dimensões.

Benefícios da Desconexão para Alta Performance no Trabalho

A desconexão do trabalho é essencial para a recuperação das energias físicas, mentais e emocionais, fatores cruciais para a manutenção da alta performance. A prática regular da desconexão permite que os profissionais se recuperem das demandas intensas do ambiente corporativo, retornando ao trabalho com níveis elevados de energia, foco e criatividade.

Estudos demonstram que, ao respeitar os ritmos ultradianos — ciclos biológicos que alternam entre períodos de alta e baixa energia ao longo do dia —, os profissionais são capazes de manter uma performance sustentável por mais tempo. Os ritmos ultradianos, que duram entre 90 e 120 minutos, indicam quando o corpo atinge picos de produtividade, seguidos de momentos de fadiga natural, que demandam descanso (LAVIE; GOPHER, 1995). Incorporar a desconexão nas pausas durante o dia de trabalho, bem como após o expediente, respeita esses ciclos e maximiza a capacidade de recuperação mental e física, evitando o esgotamento.

Recuperação de Energia e Criatividade

A capacidade de desconectar do trabalho durante os períodos de descanso permite que o cérebro recupere sua capacidade cognitiva e emocional. David Allen, em Getting Things Done: The Art of Stress-Free Productivity, sugere que a organização clara das responsabilidades e a externalização de tarefas reduzem o estresse, facilitando uma desconexão mental eficaz. Isso é fundamental para que os profissionais retornem ao trabalho renovados e preparados para enfrentar novos desafios com clareza e foco (ALLEN, 2001).

Cal Newport, em Deep Work: Rules for Focused Success in a Distracted World, argumenta que a habilidade de focar intensamente sem distrações é essencial para a realização de trabalhos complexos e de alta qualidade. A prática da desconexão regular, tanto durante o dia quanto após o expediente, permite que os profissionais se envolvam plenamente em atividades de “trabalho profundo” quando estão no ambiente de trabalho, otimizando sua produtividade e criatividade (NEWPORT, 2016).

Portanto, a desconexão não é apenas uma prática de bem-estar, mas uma estratégia essencial para alcançar e manter alta performance no trabalho. Ao permitir que os profissionais se recuperem plenamente durante os períodos de descanso, as empresas podem promover um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. Isso resulta em níveis elevados de energia, foco e criatividade, elementos fundamentais para a realização de tarefas complexas e para a inovação contínua.

Clareza e Foco

A desconexão do trabalho é fundamental para manter a clareza mental e o foco, elementos essenciais para a alta performance. Quando os profissionais conseguem se desconectar adequadamente, eles são capazes de refletir sobre suas prioridades e objetivos, retornando ao trabalho com uma visão clara e renovada.

Brendon Burchard, em High Performance Habits: How Extraordinary People Become That Way, enfatiza que a clareza nas prioridades e objetivos é um dos hábitos fundamentais para a alta performance. Burchard argumenta que profissionais de alta performance constantemente procuram clareza em suas vidas, estabelecendo metas claras e específicas que orientam suas ações e decisões. A prática da desconexão permite que os profissionais dediquem tempo para refletir sobre suas metas e alinhar suas atividades com esses objetivos, aumentando a motivação e o engajamento (BURCHARD, 2017).

David Allen, em Getting Things Done, também destaca a importância da clareza para a produtividade. Ele sugere que a externalização de tarefas e a organização eficiente das responsabilidades ajudam os profissionais a obter uma visão clara do que precisa ser feito, facilitando o foco nas atividades prioritárias. A desconexão, portanto, não é apenas um período de descanso, mas um momento crucial para reorganizar e realinhar as prioridades, garantindo que o tempo e os recursos sejam utilizados da maneira mais eficaz possível (ALLEN, 2001).

Cal Newport reforça essa ideia ao argumentar que períodos de trabalho concentrado são fundamentais para a realização de tarefas complexas e de alta qualidade. Newport destaca que a clareza nas prioridades permite que os profissionais planejem períodos de “trabalho profundo”, nos quais podem se concentrar intensamente sem interrupções, aumentando significativamente a produtividade e a qualidade do trabalho. A desconexão do trabalho durante os momentos de descanso é essencial para que os profissionais possam manter essa clareza e foco durante os períodos de atividade intensa (NEWPORT, 2016).

Segurança Psicológica

Além dos benefícios para o foco e a produtividade, a desconexão adequada também contribui para a segurança psicológica no ambiente de trabalho. Quando os profissionais se sentem seguros para expressar suas necessidades e preocupações, eles operam em um ambiente que valoriza o bem-estar emocional, resultando em um desempenho mais consistente e eficaz.

Amy Edmondson, em seus estudos sobre segurança psicológica, destaca que ambientes de trabalho onde os profissionais se sentem confortáveis para assumir riscos interpessoais e expressar suas ideias sem medo de retaliação ou julgamento são fundamentais para a criação de equipes de alta performance. A desconexão adequada do trabalho permite que os profissionais tenham tempo para recarregar suas energias emocionais, reduzindo o estresse e aumentando a sensação de segurança psicológica (EDMONDSON, 1999).

Fabrício e Thays Martins, em seus estudos sobre a implementação de políticas de desconexão no Brasil, apontam que políticas claras e bem comunicadas sobre desconexão ajudam a estabelecer expectativas realistas sobre a disponibilidade dos profissionais, promovendo um ambiente de trabalho mais seguro e colaborativo. Eles argumentam que a desconexão adequada contribui significativamente para a segurança psicológica, permitindo que os trabalhadores se recuperem e se sintam mais seguros para desempenhar suas funções com excelência (MARTINS; MARTINS, 2024).

Portanto, a desconexão do trabalho é vital para a criação e manutenção da segurança psicológica, um componente crítico para a alta performance. Ao promover um ambiente onde os profissionais podem expressar suas necessidades e recuperar suas energias emocionais, a desconexão contribui para um desempenho mais elevado e sustentável.

Estratégias de Desconexão para Alta Performance no Trabalho

Políticas de Desconexão Corporativa

Para promover alta performance no trabalho, é crucial que as empresas implementem políticas de desconexão eficazes. Essas políticas não apenas protegem o bem-estar dos profissionais, mas também estabelecem um ambiente que facilita a recuperação, a clareza mental e a segurança psicológica, todos essenciais para a alta performance.

  1. Estabelecimento de Limites Claros

Empresas que estabelecem limites claros sobre quando os profissionais devem estar desconectados ajudam a prevenir o burnout e a garantir que os trabalhadores tenham tempo suficiente para se recuperar. Por exemplo, políticas que proíbem o envio de e-mails e mensagens fora do horário de expediente são eficazes para promover um ambiente de trabalho saudável. Empresas como Volkswagen e Daimler já adotaram medidas semelhantes, limitando a comunicação fora do horário de trabalho para garantir que os empregados possam se desconectar e recuperar suas energias (MARTINS e MARTINS, 2024).

  1. Uso de Ferramentas Tecnológicas

A tecnologia pode ser uma aliada poderosa na implementação de políticas de desconexão. Ferramentas como o “Focus Mode” no Android e o “Do Not Disturb” no iOS permitem que os profissionais limitem as notificações durante horários específicos, evitando interrupções desnecessárias durante os períodos de descanso. Além disso, plataformas de e-mail, como o Gmail, oferecem funcionalidades para agendar o envio de e-mails, garantindo que as mensagens sejam enviadas apenas durante o horário de trabalho (MARTINS e  MARTINS, 2024).

  1. Comunicação e Cultura Organizacional

A promoção de uma cultura organizacional que valoriza a desconexão é essencial. Isso inclui a comunicação clara das políticas de desconexão e o incentivo para que os funcionários respeitem seus próprios limites e os dos colegas. Quando a liderança de uma organização dá o exemplo e valoriza a desconexão, isso se reflete em toda a cultura corporativa, promovendo um ambiente de trabalho mais equilibrado e produtivo. Fabrício e Thays Martins destacam que a clareza nas expectativas e a comunicação aberta são fundamentais para o sucesso das políticas de desconexão (MARTINS e  MARTINS, 2024).

  1. Treinamento e Educação

Treinamentos regulares sobre a importância da desconexão e como implementar práticas saudáveis de trabalho são essenciais. Educar os funcionários sobre os benefícios da desconexão para a alta performance e fornecer ferramentas e técnicas para ajudar a gerenciar o tempo e as prioridades pode fazer uma grande diferença. David Allen, em Getting Things Done: The Art of Stress-Free Productivity, sugere que a organização clara das tarefas e a externalização das responsabilidades são práticas que ajudam a reduzir o estresse e promovem uma desconexão mental eficaz (ALLEN, 2001).

  1. Flexibilidade no Trabalho

Políticas de trabalho flexíveis, como horários de trabalho ajustáveis e a possibilidade de trabalho remoto, também podem contribuir para a desconexão eficaz. Ao permitir que os funcionários gerenciem melhor seu tempo e equilibrar suas responsabilidades pessoais e profissionais, as empresas ajudam a criar um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. A flexibilidade no trabalho facilita a concentração ao permitir que os profissionais organizem seu tempo de maneira que maximiza sua produtividade e criatividade (NEWPORT, 2016).

Portanto, a implementação de políticas de desconexão corporativa é uma estratégia essencial para alcançar alta performance no trabalho. Ao estabelecer limites claros, utilizar ferramentas tecnológicas, promover uma cultura organizacional saudável, oferecer treinamento e flexibilidade, as empresas podem criar um ambiente onde os profissionais possam se recuperar adequadamente e desempenhar suas funções com o máximo de eficiência e criatividade.

Técnicas de Gestão de Energia para Alta Performance no Trabalho

Para alcançar a alta performance, é essencial que os profissionais não apenas gerenciem seu tempo, mas também suas energias. A gestão da energia foca na otimização do desempenho ao longo do dia, garantindo que os períodos de trabalho sejam altamente produtivos e que haja recuperação adequada durante os períodos de desconexão. Nesse contexto, a compreensão dos ritmos ultradianos é essencial, pois esses ciclos biológicos, que duram de 90 a 120 minutos, regulam períodos alternados de alta e baixa energia ao longo do dia (LAVIE; GOPHER, 1995).

  1. Identificação dos Picos de Energia

Cada pessoa tem momentos do dia em que sua energia está no auge. Esses picos de energia são determinados, em grande parte, pelos ritmos ultradianos. Durante os períodos de alta energia, é ideal que os profissionais realizem as tarefas mais exigentes em termos de concentração e criatividade. Em contrapartida, nos momentos de baixa energia, uma pausa ou a realização de tarefas menos exigentes pode ser mais eficaz. Identificar e alinhar as atividades com esses picos, respeitando os ritmos ultradianos, contribui para uma gestão mais eficiente da energia e maior produtividade (LAVIE; GOPHER, 1995; MEAD, 2020).

  1. Pausas Regulares e Recuperação

Incorporar pausas regulares ao longo do dia é essencial para manter altos níveis de energia. Técnicas como o Método Pomodoro, que alterna períodos de trabalho com breves intervalos de descanso, ajudam a prevenir a fadiga mental e a manter a produtividade. As pausas são ainda mais eficazes quando sincronizadas com os ritmos ultradianos, pois esses ciclos biológicos indicam quando o corpo e a mente precisam de recuperação. Ao final de cada ciclo ultradiano, uma pausa curta permite que o cérebro descanse e recupere sua clareza e foco, prevenindo o esgotamento (MEAD, 2020).

  1. Atividades de Renovação de Energia

Atividades como exercícios físicos, meditação e hobbies são fundamentais para a renovação da energia física e mental. Estudos indicam que respeitar os momentos de baixa energia dentro dos ciclos ultradianos promove uma recuperação mais eficaz, permitindo que os profissionais se reconectem ao trabalho com níveis elevados de energia e criatividade (LAVIE; GOPHER, 1995; MEAD, 2020). Incorporar atividades relaxantes nos períodos de descanso fortalece essa renovação e melhora a performance ao longo do dia.

  1. Ambiente de Trabalho Saudável

Criar um ambiente de trabalho que apoie a gestão da energia é crucial. Isso inclui proporcionar um espaço de trabalho confortável, com iluminação adequada e oportunidades para pausas. Além disso, promover uma cultura organizacional que valorize as pausas e o respeito aos ciclos de energia contribui para manter o bem-estar dos funcionários. O respeito aos ritmos ultradianos no ambiente de trabalho ajuda a evitar o burnout, melhorando o desempenho de longo prazo (MEAD, 2020).

  1. Educação e Treinamento

Oferecer treinamento sobre técnicas de gestão de energia e a importância da desconexão pode ajudar os profissionais a adotarem hábitos mais saudáveis. Workshops e sessões de coaching que ensinam a identificar os picos de energia e a otimizar o desempenho com base nos ritmos ultradianos são estratégias eficazes para aumentar a produtividade. Tais treinamentos ajudam os profissionais a respeitar os momentos de baixa energia, facilitando uma recuperação mais eficaz e, consequentemente, melhorando a performance e o foco (MEAD, 2020).

Relação Direta com a Gestão de Energia e os Ritmos Ultradianos

Os ritmos ultradianos reforçam a necessidade de uma abordagem cíclica para a gestão de energia. Eles indicam não apenas os períodos de alta performance, mas também os momentos em que o corpo necessita de recuperação. Respeitar esses ritmos no ambiente de trabalho, fazendo pausas estratégicas ao final de cada ciclo de 90-120 minutos, ajuda a prolongar a capacidade de manter níveis elevados de concentração e desempenho (LAVIE; GOPHER, 1995). Incorporar a compreensão desses ritmos à rotina de trabalho promove maior eficiência, prevenindo a fadiga.

Cientificidade e Alta Performance

A adição dos ritmos ultradianos fortalece o embasamento científico das técnicas de alta performance. Pesquisas apontam que o corpo humano é programado para operar em ciclos de alta e baixa energia. Sincronizar as atividades mais exigentes com os picos de energia dos ritmos ultradianos e fazer pausas durante os períodos de recuperação melhora significativamente o desempenho, ao mesmo tempo em que previne o desgaste físico e mental (LAVIE; GOPHER, 1995). Isso resulta em jornadas de trabalho mais produtivas e sustentáveis.

Conexão com a Desconexão

Além de melhorar o desempenho durante o expediente, respeitar os ritmos ultradianos reforça a importância da desconexão ao final da jornada de trabalho. Assim como o corpo precisa de pausas curtas ao longo do dia, ele também requer uma desconexão prolongada para uma recuperação completa. A desconexão ao final do dia permite que o corpo e a mente recarreguem as energias, preparando o indivíduo para enfrentar novos desafios no dia seguinte com energia renovada e foco (MEAD, 2020).

Recomendações para Empresas e Profissionais

Para as Empresas:

  1. Estabelecimento de Limites Claros:
  • Definir políticas que proíbem o envio de e-mails e mensagens fora do horário de expediente para garantir que os profissionais possam se desconectar e recuperar suas energias.
  1. Uso de Ferramentas Tecnológicas:
  • Implementar ferramentas como o Focus Mode no Android e o Do Not Disturb no iOS para limitar notificações durante horários específicos, evitando interrupções desnecessárias.
  1. Promoção de uma Cultura Organizacional Saudável:
  • Comunicar claramente as políticas de desconexão e incentivar os funcionários a respeitar seus próprios limites e os dos colegas, promovendo um ambiente de trabalho equilibrado e produtivo.
  1. Treinamento e Educação:
  • Oferecer treinamentos regulares sobre a importância da desconexão e como implementar práticas saudáveis de trabalho, educando os funcionários sobre os benefícios da desconexão para a alta performance.
  1. Flexibilidade no Trabalho:
  • Adotar políticas de trabalho flexíveis, como horários ajustáveis e a possibilidade de trabalho remoto, para ajudar os funcionários a equilibrar melhor suas responsabilidades pessoais e profissionais.

Para os Profissionais:

  1. Identificação dos Picos de Energia:
  • Identificar os momentos do dia em que sua energia está no auge, baseando-se nos ritmos ultradianos. Reservar esses períodos de alta energia, que ocorrem a cada 90-120 minutos, para realizar as tarefas mais exigentes em termos de concentração e criatividade. Respeitar esses picos garante maior produtividade e evita o esgotamento ao longo do dia (LAVIE; GOPHER, 1995).
  1. Incorporação de Pausas Regulares:
  • Utilizar técnicas como o Método Pomodoro, ou qualquer outra abordagem que promova pausas regulares, alinhadas aos ritmos ultradianos. Fazer intervalos a cada 90-120 minutos de trabalho ajuda a prevenir a fadiga mental e a manter a clareza e o foco, melhorando assim o desempenho geral (MEAD, 2020).
  1. Participação em Atividades de Renovação de Energia:
  • Durante os períodos de desconexão, engajar-se em atividades que promovam a renovação da energia física e mental, como exercícios físicos, meditação e hobbies. Essas atividades ajudam a restaurar o equilíbrio após os ciclos de trabalho intenso, permitindo que o profissional retorne ao trabalho com energia renovada (LAVIE; GOPHER, 1995; MEAD, 2020).
  1. Criação de um Ambiente de Trabalho Saudável:
  • Proporcionar um espaço de trabalho que apoie a gestão de energia, com iluminação adequada, conforto físico e oportunidades para pausas regulares. Um ambiente que valorize o bem-estar e permita pausas de acordo com os ritmos ultradianos contribui para a alta performance e o bem-estar dos profissionais (MEAD, 2020).

Ao seguir essas recomendações, tanto empresas quanto profissionais podem criar um ambiente de trabalho que favoreça o equilíbrio entre alta performance e bem-estar. Respeitar os ciclos de ritmos ultradianos e adotar práticas que otimizem a energia ao longo do dia são estratégias fundamentais para manter a produtividade sem comprometer a saúde mental e física. A desconexão não é apenas uma prática voltada ao bem-estar, mas uma peça chave na promoção de eficiência, criatividade e um ambiente de trabalho saudável e sustentável (MEAD, 2020).

Conclusão

A desconexão no ambiente de trabalho é um investimento estratégico no futuro da força de trabalho. As empresas que adotarem políticas eficazes de desconexão não só contribuirão para o bem-estar e a saúde mental de seus funcionários, mas também experimentarão ganhos diretos em produtividade, inovação e eficiência.

A prática de desconexão proporciona aos profissionais a recuperação necessária para manter o alto desempenho, promovendo maior foco, clareza mental e capacidade de resolver problemas complexos. Ao respeitar os ritmos naturais de trabalho e descanso, tanto empresas quanto profissionais podem criar um ambiente que favorece o desenvolvimento de soluções criativas e o trabalho de alta qualidade.

Por fim, a implementação de políticas de desconexão representa uma abordagem sustentável para enfrentar os desafios do ambiente de trabalho moderno, garantindo que a produtividade seja mantida sem sacrificar a saúde dos profissionais. Empresas que abraçam essas práticas estarão na vanguarda da criação de um ambiente de trabalho que prioriza tanto a eficiência quanto o bem-estar, cultivando uma força de trabalho mais saudável, motivada e inovadora.

Referências Bibliográficas

Allen, D. (2001). Getting Things Done: The Art of Stress-Free Productivity. New York: Penguin Books. p.25, 43-44, 98

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Burchard, B. (2017). High Performance Habits: How Extraordinary People Become That Way. New York: Hay House Inc. p. 200-203, 210-215.

Conselho Nacional de Saúde. (2023, abril 27). Transtornos mentais e adoecimento no ambiente de trabalho: Como enfrentar? https://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/2971-27-04-live-transtornos-mentais-e-adoecimento-no-ambiente-de-trabalho-como-enfrentar. Acesso em: 09 set. 2024

Duhigg, C. (2012). The Power of Habit: Why We Do What We Do in Life and Business. New York: Random House. p. 62-63

Edmondson, A. (1999). Psychological Safety and Learning Behavior in Work Teams. Administrative Science Quarterly, 44(2), p. 350-383.

LAVIE, Peretz; GOPHER, Daniel. Ultradian Rhythms in Prolonged Human Performance. Technion – Israel Institute of Technology, 1995. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/235129211_Ultradian_Rhythms_in_Prolonged_Human_Performance. Acesso em: 9 set. 2024.

Martins, T. S. G. (2024). Direito à Desconexão do Trabalho no Contexto Brasileiro. Disponível em: https://iasc.org.br/2024/06/o-direito-a-desconexao-do-trabalho-no-contexto-brasileiro-uma-analise-juridica-e-comparativa. Acesso em: 13 jul. 2024.

Martins, F.; Martins, T. S. G. (2024). Implementação de Política de Desconexão do Trabalho Efetiva nas Empresas Brasileiras. Disponível em: https://iasc.org.br/2024/07/implementacao-de-politica-de-desconexao-do-trabalho-efetiva-nas-empresas-brasileiras#:~:text=No%20contexto%20de%20implementa%C3%A7%C3%A3o%20de,ades%C3%A3o%20%C3%A0s%20pol%C3%ADticas%20de%20desconex%C3%A3o. Acesso em: 13 jul. 2024.

MEAD, Danielle. How Taking Breaks Can Increase Productivity, Boost Energy Levels, and Help You Show Up in Your Life. Blue Zones, 2020. Disponível em: https://www.bluezones.com/2020/06/how-taking-breaks-can-increase-productivity-boost-energy-levels-and-help-you-show-up-in-your-life/. Acesso em: 9 set. 2024.

Newport, C. (2016). Deep Work: Rules for Focused Success in a Distracted World. New York: Grand Central Publishing. p.35, 66, 89.

 

*Engenheiro Sanitarista, Ambiental e de Segurança pela Universidade Federal de Santa Catarina. Auditor de Sistemas de Gestão. Gestão e liderança pela Harvard University. International Chief Hapiness Officer pela Happiness Business School e Instituto Feliciência, MBA em Recursos Humanos e Organizações pela ESIC/TEAR, MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV. Atua como gestor nas áreas de Segurança do Trabalho, Segurança Patrimonial, Sustentabilidade e Meio Ambiente. E-mail: fabricio@goncalvesmartins.com.br

 

** Advogada especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Campus Itajaí. E-mail: thays@goncalvesmartins.com.br.

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