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Mulher: ser inefável

Por Marina Zipser Granzotto* – Diretora Tesoureira do IASC.

A data de 08 de março representa muito mais do que um dia de comemoração.

Ao alterarmos a posição do numeral oito (∞), e retirarmos a cedilha da letra ‘c’ (marco), eis que surge a expressão “marco infinito”, reforçando a importância e contribuições das mulheres que transformaram o rumo da nossa sociedade.

Ainda ecoa nos dias de hoje o legado de mulheres muito à frente de seu tempo que, com muita luta, suor e lágrimas, se uniram, influenciando o futuro de outras tantas.

Há bastante a ser feito, não restam dúvidas.

Com o advento da pandemia, os núcleos familiares foram obrigados pelas circunstâncias a estarem mais próximos no dia a dia. Os resultados vêm variando: divórcios, depressões, maior convívio com os filhos, relações reconstruídas, lares mais amorosos, união de esforços, divisão de tarefas, diferenças agudizadas, aumento de casos de violência doméstica. E a lista é longa.

Enquanto escrevo este artigo, me vem à mente uma charge, cujo autor não me recordo, em que uma mulher visivelmente exausta e com gotas de suor escorrendo pela face contava com muitos braços: um que estava a fazer comida no fogão, o outro passando roupas, mais um cuidando de um bebê, outro com uma vassoura varrendo o chão, outro tirando o pó. O completo estereótipo de multitarefas.

E em muitos lares esse modelo ainda é seguido, somando-se ao desempenho de uma profissão. A tal da jornada tripla: cuidados com a casa, filhos e trabalho.

A culpa por manter esse cenário, todavia, é de todos nós.
Culturalmente as meninas em tenra infância ganham bonecas e, junto com elas vêm as panelinhas, fogão, jogo de chá, vassoura, e por aí vai. Os meninos, por sua vez, ganham carrinhos, espadas, bolas.

Num primeiro olhar pode parecer que estes apontamentos são desconexos e nada importantes, quando na verdade retratam modelos construídos desde sempre, que seguem norteando o futuro das relações interpessoais.

O senso comum confirma que uma atitude vale mais do que mil palavras, restando representada pela máxima: “enquanto a palavra convence, o exemplo arrasta”.

Precisamos, pois, repensar os nossos exemplos.

Ainda hoje, em muitos lares, quando se quer agradar a esposa ou a mãe, o homem adota a estratégia de se mostrar prestativo em lhes ‘ajudar’ nas tarefas domésticas, quando em verdade não está a fazer nada além do que contribuir com a sua parte.

A veia desse comportamento é cultural, e precisa de movimentos e atitudes conscientes dos pais, para semearem adequadamente, porque é evidente que o plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória.

Nesse sentido, não restam dúvidas de que os filhos precisam ser educados a serem mais atentos e participativos no trato com os pais, assim como com as tarefas domésticas, para que amanhã possam ser melhores maridos e pais, esposas e mães.

Em quantos lares, quando o casal decide se recolher para dormir, se ouve a mulher dizer: – já vou. Aí ela inicia a romaria: vai baixar a persiana, juntar os brinquedos, arrumar as almofadas do sofá, completar a ração dos cachorros, trocar a água, desligar o ar-condicionado, apagar as luzes e (ufa), finalmente, deitar-se.

Centralizar uma gama de atividades e buscar exercê-las com perfeição não só cansa, como é causa de adoecimento.

Não é incomum se deparar com mulheres fatigadas, física e mentalmente, acompanhadas do temor de errar ou desapontar as expectativas de quem as cercam.

De acordo com o livro Conduta Espírita, ditado por André Luiz, “o lar constitui cadinho redentor de almas endividadas”.

O cadinho nada mais é do que um recipiente apropriado para suportar altas temperaturas, muito utilizado para promover a separação das impurezas do ouro e do cobre, tornando-os metais mais puros.

Fazendo um paralelo com nossos lares, verificamos que aqueles que foram construídos com bases sólidas e acertadas suportam altas temperaturas, driblando os mais variados obstáculos e dificuldades.

A luta por diretos iguais prossegue, mas temos que igualmente nos preocupar em diminuir as diferenças.

Ah, a Mulher, esse ser inefável, cujo significado extraído do Wikipédia é de que não pode ser expresso verbalmente, um termo utilizado para identificar algo de origem divina ou transcendental e com atributos de beleza e perfeição tão superiores aos níveis terrenos que não pode ser expresso em palavras humanas.

Que possamos todos aceitar o desafio e trabalharmos o nosso interior, para que amanhã sejamos pessoas melhores do que fomos hoje.

Parabéns a todas as Mulheres, que possam ser felizes, amadas e respeitadas também nos demais dias do ano.

 

* Marina Zipser Granzotto é advogada e Diretora Tesoureira do Instituto dos Advogados de Santa Catarina – IASC.

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