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DISCURSO PROFERIDO POR ELZA GALDINO POR OCASIÃO DO RECEBIMENTO DA COMENDA MANOEL DA SILVA MAFRA.

Boa noite!

 

Começo agradecendo, porque estou na noite mais feliz da minha existência. E olhem que serão 70 anos já em março!

Ao Presidente Gilberto Lopes Teixeira, que se dedica incansavelmente ao engrandecimento do IASC, na pessoa de quem cumprimento toda a Diretoria;

À Presidente Claudia Prudêncio, que vem superando os desafios que o mundo reserva especialmente às mulheres que chegam aos espaços de poder, na pessoa de quem saúdo a Diretoria da Ordem, Conselho e Subseções;

Aos meus colegas de trabalho nesta Casa;

Aos amigos que vieram me prestigiar, e tenho de nominar o Deonísio da Silva, escritor catarinense de riquíssima biografia, meu padrinho na Editora Almedina, e que veio do Rio especialmente para estar comigo nesta noite;

Quero citar também o Dr. Marcelo Collaço Paulo, que me mantem viva e me apoia nos meus projetos;

À minha família, suporte amoroso permanente;

Homenageio também “in memoriam” meu padrinho no IASC, o então Presidente Dr. Sidney Guido Carlin, a quem eu defini como “O homem que elogiava”.

Cada um que aqui está, e também as cadeiras vazias – amigos que não puderam vir mas telefonaram, mandaram mensagens –, tem meu agradecimento mais caloroso.

Queridos amigos!

Muitas pessoas poderiam estar sendo homenageadas aqui neste momento, muitas mulheres, e eu conheço várias delas, o que significa que estou cercada de gente com grandes virtudes.

Mas, como diz a Mafalda, “Justamente a mim me coube ser eu”, e a Diretoria do IASC, sob a presidência do Gilberto Lopes Teixeira, indicou meu nome, de forma unânime, me deixando literalmente “sem palavras”, e quem me conhece sabe que isto é bem raro.

Começo citando os discursos das mulheres que me antecederam na Comenda, porque numa ocasião tão marcante em minha vida é mais fácil usar palavras alheias.

A Dra. Solange Donner Pirajá Martins disse: “acho que chegou o tempo de reconhecer a importância da voz feminina em cargos e funções de visibilidade e poder, assim como a inclusão dos homens no debate dessa questão.”

A Professora Susana Pretto afirmou que “mulheres alcançarem espaço e o sucesso compreende na difícil tarefa de conciliar as atribuições profissionais com as familiares…[e] “precisamos passar por copiosas provações para comprovar o nosso valor.”

Estamos falando do Tempo e seus efeitos, e das Mulheres no Tempo.

No IASC, na primeira gestão do Dr. Gilberto Lopes Teixeira, 50% dos cargos eram ocupados por mulheres.

Nesta segunda gestão, dos 25 cargos eletivos, 15 são mulheres.

Todas as comendadoras foram escolhidas sob a liderança dele.

Que é, também, o mais jovem advogado a assumir a presidência do Instituto, o primeiro catarinense a assumir a presidência do Colégio de Presidentes, e o fundador da Federação Nacional dos Institutos dos Advogados do Brasil, com voz e assento no Conselho Federal da OAB.

Para ele e para as gestões recentes do IASC, mulheres ocupando espaços de destaque é rotina, e eu penso que esta postura enriquece qualquer instituição ou empresa.

Então vou honrar esta Comenda Manoel da Silva Mafra, um homem que atuou expandindo limites, seguindo seu exemplo.

Lá vem a Elza falar de mulheres: é verdade, é uma causa, uma causa vivida porque ingressei no mundo do trabalho aos 15 e noto poucos avanços, e continuamos precisando superar limites.

Se me é dado espaço, eu quero lembrar do tema e chamar os homens para que levantem e – como antigamente – ofereçam a cadeira. Será valioso para a construção de um melhor futuro, acreditem. E suas filhas e netas vão agradecer.

Mas, vamos à festa:

Acredito que estou aqui porque minha primeira paixão é a PALAVRA, e estou certa que foi esta minha paixão que fez, faz e fará o meu caminho.

O fascínio que me inspiram, me fazem querer saber não só de onde vêm as palavras, mas para onde elas vão.

Palavras são abrigo onde morar e onde agasalhar a alegria ou a dor do outro.

E o valor delas se faz quando caminham lado a lado com o Silêncio.

Dizem que entre amigos o Silêncio não pesa. E que a Música acontece na Pausa, porque ninguém aguentaria notas se repetindo incessantemente.

Isto exige um mergulho diário no milagre que é um ajuntamento de letras que terá o condão de traduzir o que sentimos, o que pensamos, o que desejamos mostrar ao mundo.

Um mergulho que precisa de Silêncio.

E isto nos custa cada dia mais, porque a vida real foi atropelada pelos “likes”, e aparentemente quanto mais barulho, discórdia e escândalo mais audiência teremos. E audiência está valendo mais do que a Vida verdadeiramente vivida.

Entretanto, foi no Silêncio que juntei as palavras para este primeiro livro de contos, que eu espero seja do agrado de todos vocês.

Não por vaidade, mas por pensar que as inquietações humanas podem ser tratadas na ficção e assim o livro encontrará eco nos corações e mentes dos que o lerem.

Desde sempre, a Vida foi contada nos Clássicos, aqueles livros que nos exigiram silenciar profundamente, para que pudéssemos pensar de modo persistente, até compreender-lhes o sentido.

Hoje a moda é ler somente os intérpretes, conhecer os sábios em resumos de “segunda mão”, ou de terceira, ou quarta, numa simplificação que acaba por tornar o original diluído e desimportante.

Meu Platão não será o seu, e é isto que faz a vida tão interessante. A frase que escolherei para traduzir a impressão que um livro trouxe ao meu espírito não será a sua, e nesta troca enriqueceremos.

É sábia a constatação que quando duas pessoas se encontram em uma estrada e trazem cada uma o seu pão, e fazem uma troca, dá-se que segue cada uma com um pão.

Mas quando duas pessoas se encontram em uma estrada e trazem cada uma a sua ideia – e as ideias são expressas em palavras – e fazem uma troca, seguem agora com duas ideias. Deu-se, uma vez mais, o alcance maravilhoso da palavra.

Estou neste ambiente seguro em que as palavras ditas e ouvidas não trazem medo, ao contrário, são estímulo, doçura, solidariedade.

E alguém há de me pedir, inspirado em um caderno de confidências ou em um programa de tevê, algumas palavras prediletas minhas.

Vida, Liberdade, Tempo.

Todos vocês, hoje, com a Liberdade que desfrutam, reservaram Tempo para estarem aqui, preenchendo minha Vida com incentivo e afeto, o que me traz grande ALEGRIA.

A Alegria é que lubrifica as engrenagens de nossa existência, trazendo valor à oportunidade de estar aqui, agora, neste momento irrepetível, cuja lembrança feliz nos alimentará enquanto quisermos.

Não sei se o Tempo mostrará com precisão quanto a minha história tem da história de cada um de vocês, mas tenho certeza que é esta a teia da minha Vida.

E qual pensamento construímos, a cada novo encontro?

Viver sendo útil, primeiramente para si mesmo e só então para os outros. Ser melhor hoje do que ontem. Alegrar-se com pequenas coisas. Morrer vivendo, e não viver morrendo. Para isto estamos neste planetinha, parece-me.

Então, pra encerrar com acerto, uma só palavra: um enorme, profundo e feliz

OBRIGADA!

Comendadora Elza Galdino

*Nota sobre o discurso:

Em observância à Portaria nº 03/2014, que aprova e regulamenta a concessão e entrega da Comenda Conselheiro Manoel da Silva Mafra, o IASC, em 2021, me fez detentora de tal honraria. As circunstâncias que a pandemia global trouxe para todos nós, isolando-nos por segurança sanitária, fizeram com que a cerimônia de outorga acontecesse em 9 de fevereiro de 2023. Por feliz coincidência, o adiamento da cerimônia fez com que ocorresse concomitantemente ao lançamento do meu primeiro livro de ficção, Água com gás & outros contos (Almedina/Minotauro), obra que recebeu apoio editorial do Instituto, após o aceite pela editora, fundada em Coimbra em 1955.

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