IASC: 90 anos de lutas e glórias
Por Gilberto Lopes Teixeira
Presidente do IASC, Presidente do Colégio de Presidentes e Presidente da Federação Nacional dos Institutos de Advogados do Brasil.
A antropóloga brasileira Mirian Goldenberg especializou-se nos estudos da velhice e tem feito descobertas que vale destacar.
Ela mostra, por exemplo, uma mulher de 93 anos que faz lives semanais tocando piano; uma bióloga de 91 que continua dando aulas pela internet; um homem de 97 anos que recita de cor trechos de “Os Lusíadas”.
O que todos têm em comum, perguntaríamos, e a Dra. Mirian responde: “PROJETOS!”
É isto que a antropóloga chama de “Bela Velhice”, pessoas que aproveitam o que a Ciência nos proporciona e seguem vivendo o que lhes é possível, com entusiasmo e solidariedade.
Se em seres humanos ser nonagenário é ainda um privilégio incomum, numa instituição de advogados é o sinal inequívoco de que temos muito trabalho à frente: “PROJETOS!”, como acabamos de ouvir.
O IASC chega aos 90 anos com uma bela história para contar, repleta de iniciativas corajosas, de ações resolutas e de importantes vitórias que construíram, fortaleceram e garantiram a Democracia em nosso estado.
É o IASC a origem da OAB/SC, do TJSC e do primeiro curso de Direito, que tornou desnecessário importar juízes, promotores e professores, além de formar um respeitável elenco de Advogados que honram nosso passado e inspiram nosso presente.
Quando necessário, o Instituto levantou sua voz contra o arbítrio, com sucesso.
Sendo necessário, novamente o faremos, e agora com a certeza do apoio de todos os co-irmãos, eis que nos unimos em Federação que tenho a honra de presidir, sendo o primeiro catarinense a exercer a função.
90 anos é motivo de festa e alegria, e esta reunião que vivenciamos, neste ambiente eminentemente advocatício, nos inspira ao congraçamento e à esperança.
Não a esperança que espera, mas a esperança que age para que aconteça o que se almeja, na certeza de que hoje nossos corações se agigantam vislumbrando um futuro menos doloroso do que o que víamos em 2020.
Estamos superando uma crise sanitária impensável para os mais pessimistas, e se o fazemos é com trabalho árduo e com o sacrifício de muitos.
Mais de 600 mil brasileiros tombaram nos campos de batalha desta guerra, e o luto nos tolda a alma.
No entanto, é preciso continuar.
Nós, os vivos, devemos tornar a existência dos que experimentam a orfandade afetiva o menos dolorosa possível.
Temos o dever de trabalhar para recuperar a Economia, para que as garantias constitucionais se fortaleçam; é nosso mister também ampliar a atenção aos jurisdicionados, a parte fraca nesta cadeia de acontecimentos infaustos.
Estamos atentos, caríssimos Colegas!
Hoje, por esta data especial, abrimos mais e mais espaço para a alegria, porque temos todas as razões para comemorar nossos 90 anos, reverenciando os que nos antecederam e aplaudindo os que nos acompanham no dia a dia.
A energia e o entusiasmo que neste festivo final de semana são nosso amálgama permanecerão em nossas lembranças, e quero crer que em breve teremos novos grandes fãs de Floripa, retornando ao nosso convívio.
Domenico de Masi lançou para o mundo a ideia de ócio criativo, ou seja, voltar-se para uma atividade diferente para estimular novos conceitos.
Posso dizer que alcançamos o objetivo do sociólogo italiano nestas agradáveis horas que passamos juntos, porque a troca de ideias foi permanente e profícua.
Penso que, como eu, restamos todos mais ricos, ricos do que o dinheiro não pode pagar, ricos de amizade, de planos, de contato humano, de esperança e de alento.
Que possamos seguir assim, para que os jovens advogados que irão assumir os Institutos no futuro encontrem um terreno aplainado, por nós já semeado, comprovadamente fértil e de belas colheitas.
Nosso trabalho, que tem o peso da responsabilidade dos 90 anos, tem também a leveza da convicção que nove décadas são apenas o começo, porque o IASC viverá para sempre.
Para sempre!