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O Dia da Mulher

Por Solange Donner Pirajá Martins – Membro Efetivo do IASC

Muito se festeja, atualmente, o dia da mulher, muitas homenagens, muitas flores.  Certo, temos o que festejar, podemos estudar, podemos votar, podemos trabalhar, podemos dirigir nossas vidas.  Mas, não podemos esquecer as pioneiras, quanto custou de mortes, sacrifícios e frustrações conquistar esses direitos.

 

Em nossa profissão, gosto de lembrar a primeira mulher que, após muita persistência, conseguiu ser aceita no Instituto dos Advogados do Brasil, no início do século XX, Mirthes Gomes. Ela marcou época, no Tribunal do Júri e como sufragista. No entanto, passaram-se quase três décadas para conquistarmos o direito do voto, quase cinco décadas para que uma mulher assumisse a função de Desembargadora em nosso Tribunal de Justiça, a doutora Theresa Tang, e quase um século para que a doutora Ellen Gracie fizesse história como a primeira mulher Ministra do Supremo Tribunal Federal e, depois, sua Presidente.

 

Hoje as mulheres estão buscando seus direitos de igualdade no mercado de trabalho, pois, como os indicadores estatísticos demonstram, apesar de estudarem mais do que os homens, são frequentemente subempregadas e seus salários, no mesmo posto, são menores do que os deles. Também são poucas aquelas que conseguiram ocupar um cargo de comando e liderança nas empresas e no setor público. Somos mais da metade da população e ainda não ocupamos os mesmos espaços na política e em outras áreas de tomada de decisão.

 

No âmbito de nossa corporação, não é diferente.  Fui Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Santa Catarina há mais de trinta anos.  Desde então, não tivemos outra mulher no comando da instituição, nem na Presidência da OAB/SC. Percebe-se que a mulher ainda é destinada preferencialmente para cargos ligados ao papel tradicional do sexo feminino, cargos auxiliares, como “assistência” e “secretaria”.

 

É uma questão cultural que precisa mudar e está mudando, lenta, mas efetivamente. Hoje há mais advogadas no Conselho e na Diretoria. Nas Comissões muitas jovens e aguerridas mulheres lutam por direitos fundamentais da cidadania e tem feito a diferença. Em todas as profissões vemos mulheres ocupando espaços e despontando pela competência e seriedade.

 

A mulher precisa aspirar ao poder por sua própria qualidade.  Estudos já demonstraram  que o poder exercido por mulheres é mais cooperativo  porque ouvimos mais e somos mais abertas ao diálogo. Recentemente, um estudo em 125 países, incluindo o Brasil, publicado no Journal of Economic Behavior & Organization, revelou que a corrupção é menor onde mais mulheres participam do governo. Acredito que chegaremos lá em breve.  Meu desejo é que mais homens possam ter a visão inovadora e de futuro que levou um líder da classe, o doutor Sadi Lima, na década de 1980, a convidar uma mulher para assumir o posto de comado da Caixa de Assistência dos Advogados de Santa Catarina. A mulher tem o direito e a obrigação de exercer o seu papel de protagonista na sociedade brasileira.

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